Método de São Cipriano Cartomancia
Copas Às, encontro amoroso. Dois, uma carta.   Três, boas palavras. Quatro, pela porta da rua.   Cinco, lágrimas.  Seis,  a caminho Sete, às horas de  comidas e bebidas.
Espadas Às, afirma. Dois,  corta. Três. más palavras. Quatro, na cama. Cinco, doença. Seis, desvio. Sete, paixão  forte                      
Ouros Ás, um presente. Dois, brevemente. Três, com alegria. Quatro, igreja. Cinco, novidade. Seis, dinheiro  (pequena quantia) Sete, dinheiros (gdes)     
Paus Às, à noite. Dois, a caminhos vagarosos. Três, a caminhos breves. Quatro, nesta casa. Cinco; competição, ciumes Seis, zelos. Sete, com muito gosto.        
Significado das Cartas
Como Interpretar as cartas A dama de espadas é uma mulher de má fama ou de mau  signo. 0 rei e valete de espadas são o corpo e pensamento de um  homem de justiça, (militar, advogado, juiz, etc.)          Se uma mulher quer consultar as cartas deve ser  representada pela dama de ouros, e o rei e valete do mesmo naipe  representam o corpo e pensamento do indivíduo a quem a  consulente quer saber. Se e homem, deve ser representado pelo  rei e pelo valete de ouros, e a pessoa consultada deve ser  representada pela dama do mesmo naipe. As outras figuras  servem para marcar qualquer pessoa que tenha de figurar nesta  nigromancia, entendendo-se que os valetes representam os  pensamentos dos indivíduos marcados nos reis do mesmo naipe.  Maneira de Dispor as Cartas Depois das cartas baralhadas e partidas em cruz, devem  estas ficar em cinco porções iguais, em linhas, de três porções,  ficando por esta forma em cruz, e será a operação acompanhada  do responso, tal qual como S. Cipriano fazia para que elas não lhe  falhassem no que desejava saber.
Exemplo de Tiragem Suponhamos que é uma namorada que consulta as cartas,  que elas, depois de embaralhadas e espalhadas saem da seguinte  forma: 1ª linha - As, 7 de paus, valete de ouros, dama de ouros, às  de copas, 2 de paus, 5 de ouros e de espadas.  2ª linha - Rei de paus, valete de espadas, 2 de espadas, rei  de espadas, 7 de espadas, dama de copas, rei de copas e 6  de paus.  3ª linha - 5 de ouros, 5 de copas, 2 de paus, 7 de copas, 5 de  espadas, 4 de paus, ás de paus e as de espadas. 4ª linha - Valete de paus, 4 de espadas, rei de espadas, 3 de  espadas, dama de paus, rei de copas, 6 de espadas e 6 de  copas. 5ª linha - 6 de ouros, 5 de paus, 4 de ouros, 2 de ouros, ás  de copas, rei de ouros, 3 de copas.    Se as cartas, saírem conforme vos acabamos de ensinar,  deveis lê-las desta forma; mas se elas não representarem assim,  deveis estudar como se hão de ler, porque sem que vos saibais o  que elas significam, não podereis tirar delas fruto algum.  Começaremos agora a tomar as cartas das duas carreiras  dos lados, em forma de cruz, pelo três de copas, e ás de ouros, e  tomando verdadeiro sentido nelas, vê-se que nos dizem estas duas  palavras: uma prenda com alegria e noite de gosto. "Este senhor  com o pensamento nesta senhora e com idéias que traz para ela,  com um papel por igreja a caminhos breves, com cinco sentidos  em dinheiros grandes e dinheiros pequenos, vem pela porta da  rua." Já se vê que tem de casar breve com o indivíduo acerca do  qual consultou, provindo desse casamento boa fortuna, tendo de  receber antes uma renda que ele lhe oferece. Principiaremos com a mesma operação e pelo mesmo modo nas outras mesmas  carreiras, colhendo delas o mesmo sentido que nos dão, chegando  a carreira do meio vemos que há uma novidade, porque não tem  figura; quando isto acontece, podemos pedir a esta novidade  qualquer coisa, por exemplo: a senhora, com fidelidade; passara  então as 32 cartas já consultadas e baralhadas. No fim disto, deixai estar as cartas na mão até que digais o  responso de S. Cipriano; depois de acabardes, estendereis em  seguida 21 cartas com as costas para cima sobre as 8 de carreira  do meio, e põe-se ao lado desta carreira 8 cartas a duas em cruz,  de modo que fiqueis com 3 cartas na mão; se estas duas não  dizem nada, começa a tirar as 8 dos lados em cruz e a ler o que  elas dizem: depois passai a carreira das 21, tirando uma de cada  extremidade, e assim ate acabar. É preciso saber-se que se sair o 4 de ouros é um anúncio de alegria, que a pessoa brevemente  saberá.
Biografia de São Cipriano  Cipriano - denominado o Feiticeiro para  distinguir-se do célebre Cipriano, dispo  de Cartago - nasceu na Antioquia, por  volta de 250 d.C., situada entre a Síria e  a Arábia, pertencente o governo da  Fenícia. Seus pais idólatras e providos  de copiosas riquezas, vendo que a  natureza o dotara de talentos próprios para conciliar a estimação  dos homens, o destinaram para o serviço das falsas divindades,  fazendo-o instruir em toda a ciência dos sacrifícios que se  ofereciam aos ídolos, de modo que ninguém, como ele, tinha tão  profundo conhecimento dos profanos mistérios do bárbaro  gentilismo. Na idade de trinta anos, fez ele uma viagem ao país da  Babilônia para aprender a astrologia judiciária e os mistérios mais  ocultos dos supersticiosos caldeus. E sobre a grave culpa de  empregar em tais estudos o tempo que lhe era concedido para  conhecer e seguir a verdade, aumentou Cipriano a sua malícia e  a sua maleficência. Deu-se inteiramente ao estudo da magia,  para conseguir por meio desta arte um estreito comércio com os  demônios; praticando ao mesmo tempo uma vida impura e  absolutamente escandalosa.  Cipriano, para obter melhores resultados nos estudos da  magia, ligou-se com a velha bruxa Évora, que era a mais  poderosa em adivinhar o futuro pelas mãos, cartas e sonhos.  Évora morreu em avançada idade, deixando-lhe todos os  manuscritos de sua descoberta, de que Cipriano tirou grande  proveito. Cipriano tornou-se o mais célebre feiticeiro, porque  passava dia e noite só ligado ao estudo da alquimia; e qualquer  coisa que descobrisse, fazia, para não se esquecer, os  apontamentos nas paredes, nas mesas e por toda a parte onde  se lhe tornasse no momento mais fácil. E, conquanto um verdadeiro cristão chamado Eusébio, que  havia sido seu companheiro de estudos, lhe fizesse muitas vezes  vigorosas censuras sobre a sua má vida, procurando arrancá-lo  do abismo profundo que o via precipitado. Só não desprezava  Cipriano as suas exortações e censuras, mas também ainda se  valia do infernal engenho para ridicularizar os sacrossantos  mistérios e virtuosos professores da lei cristã, por ódio a qual  chegou a unir-se com os bárbaros perseguidores para obrigar os  cristãos a renunciarem ao Evangelho e renegarem a Jesus  Cristo. Tinha chegado a este estado a vida de Cipriano, quando a  infinita misericórdia de Deus se dignou iluminar e converter esse  infeliz vaso de injúrias e infâmias em vaso de eleição e de honra;  valendo-se e servindo-se da sua divina graça para obrar no  coração de Cipriano este prodigioso milagre da sua onipotência.   A lenda da Conversão de São  Cipriano
Vivia em Antioquia uma donzela por nome  Justina, não menos rica do que bela, a quem  seu pai Edeso e sua mãe Cledônia educaram  com muito cuidado nas superstições do  paganismo. Porém Justina, dotada como era,  de um claro engenho, assim que ouviu as  pregações de Prailo, diácono de Antioquia,  abandonou as extravagâncias gentílicas e,  abraçando a fé católica, conseguiu converter  aos poucos os seus próprios pais. Constituída cristã, a ditosa virgem tornou-se ao  mesmo tempo uma das mais perfeitas esposas de Jesus Cristo, consagrando-lhe a sua virgindade e procurando  adquirir todos os meios de conservar essa delicada virtude, para cujo  efeito observava cuidadosamente a modéstia entregando-se às orações e ao retiro. Não obstante isto, vendo-a, um pobre mancebo, de nome  Aglaide, lhe captou tanto os agrados, que logo pediu a seus pais para  esposa, ao que eles deram consentimento; e só não pôde obter o  consenso da própria Justina. Aglaide então procurou então Cipriano, o qual, com efeito,  empregou todos os meios mais eficazes da sua diabólica arte para  satisfazer ao namorado amigo. Ofereceu aos demônios muitos  abomináveis sacrifícios e eles lhe prometeram o desejado sucesso,  investindo logo a santa com terríveis tentações e horríveis fantasmas.  Porém ela, fortalecida pela graça de Deus, que tinha merecido com  orações contínuas, rigor e, sobretudo com o patrocínio da Santíssima  Virgem (a quem ela chamava sua mãe santíssima), ficou sempre  vitoriosa.  Indignado Cipriano por não poder vencê-la, se levantou contra o  demônio, que estava presente, e lhe falou desta maneira: "Pérfido, já  veio a tua fraqueza, quando não podes vencer a uma delicada donzela,  tu, que tanto de jactas do teu poder de obrar prodigiosas maravilhas!  Diz-me logo de onde procede esta mudança, e com quais armas se  defende aquela virgem para deixar inúteis os teus esforços?" Então o demônio, obrigado por uma divina virtude, lhe confessou  a verdade, dizendo-lhe que o Deus dos cristãos era o supremo Senhor  do Céu, da Terra e dos infernos; e que nenhum demônio podia obrar  contra o sinal da cruz com que Justina continuamente se armava. De  maneira que por este mesmo sinal, logo ele lhe aparecia para tentar, era obrigado a fugir. "Pois se isso assim é - replicou Cipriano - eu sou bem louco em  não me dar ao serviço de um senhor mais poderoso do que tu. E assim,  se o sinal da cruz, em que morreu o Deus dos cristãos, te faz fugir, não  quero já servir-me dos teus prestígios, antes renuncio inteiramente a  todos os teus sortilégios, esperando a bondade de Deus de Justina que  haja de me admitir por seu servo." Irritado então o demônio de perder aquele por meio do qual fizera  tantas conquistas, se apoderou do seu corpo. Porém (diz São Gregório)  foi logo obrigado a sair, pela graça de Jesus Cristo, que estava senhor  do seu coração. Teve, pois, Cipriano, de manter vigorosos combates  contra os inimigos de sua alma; mas o Deus de Justina, a quem ele  sempre invocava, lhe valeu com o seu auxílio e o fez ficar vitorioso.  Concorreu também muito para este efeito o seu amigo Eusébio, a quem  Cipriano procurou logo, e disse com muitas lágrimas: "Meu grande  amigo, chegou para mim o ditoso tempo de reconhecer meus erros e  abomináveis desordens, e espero que o teu Deus, que já confesso ser o único e verdadeiro, me admitirá no grêmio dos seus íntimos servos,  para maior triunfo da sua benigna misericórdia". Muito satisfeito Eusébio por uma tão prodigiosa mudança abraçou  afetuosamente o seu amigo e lhe deu muitos parabéns pela sua heróica resolução, animando-o a confiar sempre na infalível verdade do  puríssimo Deus, que nunca desampara os que sinceramente o  procuram. E assim fortificado, o venturoso Cipriano pôde existir com  valor a todas as tentações diabólicas. Para este efeito, fazia ele sem cessar o sinal da cruz, e tendo  sempre nos lábios e no coração o sacrossanto nome de Jesus, não  cessava de invocar a assistência da Santíssima Virgem. Vendo, pois, os  demônios inteiramente frustrados todos os seus artifícios, aplicaram o  seu esforço maior em tentá-lo de desesperação, propondo-lhe com  viveza de espírito estes e outros tais discursos e reflexões:  "Que o Deus dos cristãos era sem dúvida o único Deus  verdadeiro, mas que era um Deus de pureza, um Deus que punia com  severidade extrema ainda os menores crimes, de que a maior prova  eram eles mesmos, que por um só pecado de soberba foram  condenados a uma pena extrema. Como haveria perdão para eles, que pelo número de gravidade  das suas culpas tinha já um lugar preparado no mais profundo do  inferno? E que, portanto, não tendo misericórdia que esperar, cuidasse  em se divertir, satisfazendo à rédea larga todas as paixões da sua vida."  Na verdade esta tentação veemente pôs em grande perigo a  salvação de Cipriano. Mas o amigo Eusébio, a quem ele se referiu, o  animou e consolou, propondo-lhe em eficácia a benigna misericórdia,  com que Deus recebe e generosamente perdoa aos pecadores  arrependidos, por maiores que sejam os seus pecados. Depois o  mesmo Eusébio o conduziu à assembléia dos fiéis, onde se admitiam as pessoas que desejavam instruir-se em tão luminosos mistérios. Afirma o próprio São Cipriano, no livro da sua Confissão, que à vista do  respeito e piedade de que estavam penetrados os fiéis, adorando o  verdadeiro Deus, o tocou vivamente no coração. Diz ele: "Eu vi cantar  naquele coro os louvores de Deus e terminar cada verso dos salmos  com a palavra hebraica Aleluia; tido com atenção tão respeitosa e com  tão suave harmonia, que me parecia estar entre os anjos ou entre os  homens celestes". No fim da função admiraram-se os assistentes de que tal  presbítero, como era Eusébio, introduzisse a Cipriano naquele sagrado  congresso. E o mesmo bispo, que estava presidindo, muito mais o  estranhou, porque não julgava sincera a conversão de Cipriano. Porém,  ele dissipou logo essas dúvidas, queimando, na presença de todos, os  seus livros de mágica, e introduzindo-se no número dos catecúmenos,  depois de haver distribuído todos os seus bens aos pobres. Instruído, pois Cipriano, e com suficiente disposição, o bispo o batizou,  e juntamente a Aglaide, apaixonado de Justina, que, arrependido da sua  loucura, quis emendar a sua vida e seguir a fé verdadeira. Tocada  Justina destes dois exemplos da divina misericórdia, cortou os seus  cabelos em sinal de sacrifício que fazia a Deus da sua virgindade, e  repartiu também pelos pobres todos os bens que possuía. Cipriano, depois disto, fez maravilhosos progressos nos  caminhos do Senhor; e sua vida ordinária foi um perene exercício na  mais rigorosa penitência. Via-se muitas vezes na igreja, prostrado por  terra, com a cabeça coberta de cinza, rogando a todos os fiéis que  implorassem para ele a divina misericórdia. E para mais se humilhar e  suprimir a sua antiga soberba obteve a força de muitos pedidos, que lhe  desse o emprego de varredor da igreja. Ele morava em companhia do presbítero Eusébio, a quem  venerou sempre como seu pai espiritual. E o divino Senhor que se digna ostentar os tesouros da sua clemência sobre as almas humildes e sobre os grandes pecadores verdadeiramente convertidos, lhe concedeu a  graça de realizar milagres. Isto junto a sua natural eloqüência concorreu  muito para converter à fé um grande número de idólatras, servindo-se  para isso do famoso escrito da sua Confissão, na qual, fazendo públicos os seus crimes e enormes excessos, animava a confiança, não só dos  fiéis, mas a dos maiores pecadores.
Eis como São Cipriano inventou as  cartas: Este santo, depois de se arrepender  da má vida que tinha, foi para longe da sua  pátria e por Ia andou sete anos. Como  esse santo tinha muito amor a sua querida  esposa e filhos e não sabia o que seria  feito de seus pais, resolveu-se a inventar  as cartas. Dizia o santo: "Eu, quando era  senhor das astúcias de Satanás, deitava as cartas pelo poder do  meu senhor que era Lúcifer. Porém, agora não sei o que hei de  fazer." Ficou pensativo e a noite foi-se deitar. Apareceu-lhe um  Anjo do Senhor e disse: - Cipriano, que andas tu a pensar?  Porventura esse maldito que tu deixaste, tem mais poder do que  teu Deus, que manda sobre tudo sob o Sol? A tua fé ainda não é  verdadeira? - E o anjo fugiu.  S. Cipriano acordou e disse: Esta noite tive um sonho  muito agradável; pois quem e que tem mais poder do que Deus?  Ainda me lembro quando um dia eu mandei cair fogo do céu à  terra pelo poder de Lúcifer. E uma mulher só com dizer - Jesus!  Cessou o fogo de cair. Grande e o poder de Nosso Senhor Jesus  Cristo. Estava pensando nisto e disse: Pois vou deitas as cartas  em nome de Nosso Senhor Jesus Cristo; e assim fez.  Cipriano pegou no baralho das cartas e foi passá-las por  sete pias de água benta, cada uma na sua igreja, depois disto  disse sobre elas o credo-em-cruz, isto e, fez nas cartas cruzes  com a mão direita, em seguida passou-as pelas ondas do mar,  sete vezes embrulhadas, e não, se molharam.  Depois disto adivinhava como passava a sua família, e  muitas outras coisas que ele desejava. 
Responso de São Cipriano para deitar as Cartas  Ó meu amantíssimo Senhor, vos, que sois o Deus do universo, permiti que estas cartas me declarem o que eu quero saber, porque Senhor, não tenho mais a quem pedir: “O Senhor seja comigo, me ajude e me socorra. Maria Santíssima, minha mãe socorrei-me por intervenção do vosso amado filho, Senhor meu, a quem com uma vivíssima fé, amo de todo o meu coração, de corpo, alma e vida. Cartas, vós haveis de me falar a verdade pelo Sangue derramado de Nosso Senhor Jesus Cristo. Amém.     Se não fizer o Responso não obterá bons resultados.
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